quarta-feira, 29 de abril de 2009

Poética

"Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expedienteprotocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionárioo cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amanteexemplar com cem modelos de cartas e as diferentesmaneiras de agradar às mulheres, etc
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
— Não quero mais saber do lirismo que não é libertação."

Manoel Bandeira!!!!

3 comentários:

João Rafael disse...

AI..o lirismo...

Gustavo Lucas (footloose) disse...

nas linhas da tua mão
vejo passado
vejo presente
vejo razão

mão pequena
em busca do vazio
da utilização

colares místicos
envolvem o pulso
é a força de viver
com o sonho

na palma da mão

Unknown disse...

A aline, e sua delicada mão de ursinho.

Naquela direção, sua mão se abre bem exposta à luz solar, alcançando a gestualidade de um brotar ao indescritível, como se o gesto possuísse a única maneira de amalgamar o infinito da libertação, é bem verdade, acredito não haver outro modo de agarrar o infinito, a não ser por esses modos, digo, da maneira de ser das flores. Numa piscadela seus dedos se abrem, confundem-se com às pétalas sedosas do pórtico, a palma adensa-se no novelo de tapeçaria árabe, sobre o ante braço lança-se um fio de sementes irisadas do porto boreal , reconheço a prata sobrepostas ao indicador, esta, foi lajeada dos portos mais opulentos, ou talvez dos califas. Sem dúvida, a mão é o continente que contém as linhas geográficas do amor a vida, rotas marítimas, as margens das colinas dos rios e as muralhas que coroam o reino humano. O entalhe de cada linha e seu segmento, contém a sua maneira de ser.
25 de agosto de 2009. Lucas Morais